"Se alguém diz: - eu amo a Deus, e
aborrece a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama o seu irmão, ao qual viu,
como pode amar a Deus, a quem não viu?" - (1 João, 4:20).
A
vida é processo de crescimento da alma ao encontro da Grandeza Divina.
Aproveita
as lutas e dificuldades da senda (caminho) para a expansão de ti mesmo, dilatando (crescendo, aumentando)
o teu círculo de relações e de ação.
Aprendamos
para esclarecer.
Entesouremos
para ajudar.
Engrandeçamo-nos
para proteger.
Eduquemo-nos
para servir.
Com
o ato de fazer e dar alguma coisa, a alma se estende sempre mais além.
Guardando
a bênção recebida para si somente, o espírito, muitas vezes, apenas se adorna (enfeita),
mas, espalhando a riqueza de que é portador, cresce constantemente.
Na
prestação de serviço aos semelhantes, incorpora-se, naturalmente, ao coro das
alegrias que provoca.
No
ensinamento ao aprendiz, liga-se aos benefícios da lição.
Na
criação das boas obras, no trabalho, na virtude ou na arte, vive no progresso,
na santificação ou na beleza com que a experiência individual e coletiva se
alarga e aperfeiçoa.
Na
distribuição de pensamentos sadios e elevados, converte-se em fonte viva de
graça e contentamento para todos.
No
concurso espontâneo, dentro do ministério do bem, une-se à prosperidade comum.
Dá,
pois, de ti mesmo, de tuas forças e recursos, agindo sem cessar, na instituição
de valores novos, auxiliando os outros, a benefício de ti mesmo.
O
mundo é caminho vasto de evolução e aprimoramento, onde transitam, ao teu lado,
a ignorância e a fraqueza.
Aproveita
a gloriosa oportunidade de expansão que a esfera física te confere e ajuda a
quem passa, sem cogitar de pagamento de qualquer natureza.
O
próximo é a nossa ponte de ligação com Deus.
Se
buscas o Pai, ajuda ao teu irmão, amparando-vos reciprocamente (uns aos outros),
porque, segundo a palavra iluminada do evangelista, "se alguém diz: - eu
amo a Deus, e aborrece o semelhante, é mentiroso, pois quem não ama o
companheiro com quem convive, como pode amar a Deus, a quem ainda não
conhece?"
3ª parte: Estudo do Evangelho:
Capítulo 1: Não vim destruir a lei - Itens 1
e 2 (As 3 revelações - Moisés - Cristo - Espiritismo)
1. Não penseis que eu tenha vindo
destruir a lei ou os profetas: não os vim destruir, mas cumpri-los: -
porquanto, em verdade vos digo que o céu e a Terra não passarão, sem que tudo o
que se acha na lei esteja perfeitamente cumprido, enquanto reste um único iota (letra jota, referindo-se
a colocar pingos nos "is" ou nos jotas) e um único
ponto. (S. MATEUS, cap. V, vv. 17 e 18.)
Moisés
2. Na lei moisaica (de Moisés),
há duas partes distintas: a lei de Deus, promulgada no monte Sinai, e a lei
civil ou disciplinar, decretada por Moisés. Uma é invariável; a outra,
apropriada aos costumes e ao caráter do povo, se modifica com o tempo.
A lei de Deus está formulada nos
dez mandamentos seguintes:
I. Eu sou o Senhor, vosso Deus,
que vos tirei do Egito, da casa da servidão. Não tereis, diante de mim, outros
deuses estrangeiros. - Não fareis imagem esculpida, nem figura alguma do que
está em cima do céu, nem embaixo na Terra, nem do que quer que esteja nas águas
sob a terra. Não os adorareis e não lhes prestareis culto soberano. (¹)
II. Não pronunciareis em vão o
nome do Senhor, vosso Deus.
III. Lembrai-vos de santificar o
dia do sábado.
IV. Honrai a vosso pai e a vossa
mãe, a fim de viverdes longo tempo na terra que o Senhor vosso Deus vos dará.
V. Não mateis.
VI. Não cometais adultério.
VII. Não roubeis.
VIII. Não presteis testemunho
falso contra o vosso próximo.
IX. Não desejeis a mulher do vosso
próximo.
X. Não cobiceis (desejeis)
a casa do vosso próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o
seu asno (burro,
jumento), nem qualquer das coisas que lhe pertençam.
(1) Allan Kardec cita a parte mais
importante do primeiro mandamento, e deixa de transcrever as seguintes frases:
"... porque eu, o Senhor vosso Deus, sou Deus zeloso, que puno a
iniquidade dos pais nos filhos, na terceira e na quarta gerações daqueles que
me aborrecem, e uso de misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e
guardam os meus mandamentos." - (ÊXODO, XX, 5 e 6.)
Nas traduções feitas pelas Igrejas
católica e protestantes, essa parte do mandamento foi truncada para
harmonizá-la com a doutrina da encarnação única da alma. Onde está "na
terceira e na quarta gerações", conforme a tradução Brasileira da Bíblia,
a Vulgata Latina (in tertiam et quartam generationem), a tradução de Zamenhof
(en la tria kaj kvara generacioj), mudaram o texto para "até à terceira e
quarta gerações".
Esses textos truncados que
aparecem na tradução da Igreja Anglicana, na Católica de Figueiredo, na
Protestante de Almeida e outras, tornam monstruosa a justiça divina, pois que
filhos, netos, bisnetos, tetranetos inocentes teriam de ser castigados pelo
pecado dos pais, avós, bisavós, tetravós. Foi uma infeliz tentativa de
acomodação da Lei à vida única. - A Editora da FEB, 1947.
O texto certo que, por mercê de
Deus, já está reproduzido pelas edições recentíssimas a que nos referimos -
traduções Brasileira e de Zamenhof -, que conferem com S. Jerônimo, mostra que
a Lei ensina veladamente a reencarnação e as expiações e provas. Na primeira e
na segunda gerações, como contemporâneos de seus filhos e netos, o Espírito
culpado ainda não reencarnou, mas, um pouco mais tarde - na terceira e quarta
gerações - já ele voltou e recebe as consequências de suas faltas. Assim, o
culpado mesmo, e não outrem, paga sua dívida.
Logo, têm-se de excluir a primeira
1ª e 2ª gerações e expressar "na" 3ª e 4ª, como realmente é o
original. Achamos conveniente acrescentar aqui esta nota, para facilitar a
compreensão do estudioso que confronte a sua tradução da Bíblia com a citação
do Mestre. - A Editora da FEB, 1947.
É de todos os tempos e de todos os
países essa lei e tem, por isso mesmo, caráter divino. Todas as outras são leis
que Moisés decretou, obrigado que se via a conter, pelo temor, um povo de seu
natural turbulento e indisciplinado, no qual tinha ele de combater arraigados
abusos e preconceitos, adquiridos durante a escravidão do Egito. Para imprimir
autoridade às suas leis, houve de lhes atribuir origem divina, conforme o
fizeram todos os legisladores dos povos primitivos. A autoridade do homem
precisava apoiar-se na autoridade de Deus; mas, só a idéia de um Deus terrível
podia impressionar criaturas ignorantes, em as quais ainda pouco desenvolvidos
se encontravam o senso moral e o sentimento de uma justiça reta. E evidente que
aquele que incluíra, entre os seus mandamentos, este: "Não matareis; não
causareis dano ao vosso próximo", não poderia contradizer-se, fazendo da
exterminação um dever. As leis moisaicas, propriamente ditas, revestiam, pois,
um caráter essencialmente transitório.
4ª parte: Prece pelas pessoas
queridas, amigos ou inimigos, encarnados ou desencarnados:
Página de preparo: Jesus Contigo (Livro
"Messe de amor" - Joanna de Angelis - psicografia: Divaldo Franco)
Dedica
uma das sete noites da semana ao Culto Evangélico no Lar, a fim de que Jesus
possa pernoitar (passar a noite) em tua casa. Prepara a mesa, coloca água
pura, abre o Evangelho, distende (amplie, passe adiante) a mensagem da fé, enlaça (abraça)
a família e ora. Jesus virá em visita.
Quando
o Lar se converte em santuário, o crime se recolhe ao museu. Quando a família
ora, Jesus se demora (permanece) em casa. Quando os corações se unem nos
liames (ligações,
conexões) da Fé, o equilíbrio oferta bênçãos de consolo e a saúde
derrama vinho de paz para todos. Jesus no Lar é a vida para o Lar.
Não
aguardes que o mundo te leve a certeza do bem invariável. Distende, da tua casa
cristã, a luz do Evangelho para o mundo atormentado. Quando uma família ora em
casa, reunida nas blandícias (doçura, ternura) do Evangelho, toda a rua recebe o benefício
de comunhão (harmonia) com o alto.
Se
alguém, num edifício de apartamentos, alça (eleva) aos Céus a prece da comunhão em família, todo o
edifício se beneficia, qual lâmpada ignorada,acesa na ventania.
Não
te afastes da linha direcional do Evangelho entre os teus familiares. Continua
orando fiel, estudando com os teus filhose com aqueles a que amas, as diretrizes do Mestre e, o quanto possível,
debate os problemas que te afligem à luz clara da mensagem da Boa Nova e
examina as dificuldades que te perturbam ante a inspiração consoladora de
Cristo.
Não
demandes (dirija-se,
saia) à rua, nessa noite, senão para os inevitáveis deveres
que não possas adiar. Demora-te (permaneça-te) no Lar para que o Divino Hóspede ai também
se possa demorar (permanecer).
E
quando as luzes se apagarem à hora do repouso, ora mais uma vez, comungando com
Ele, como Ele procura fazer, a fim de que, ligado a ti, possas, em casa, uma
vez por semana em sete noites, ter Jesus contigo.
3ª parte: Estudo do Evangelho:
Introdução do Evangelho Segundo o Espiritismo
I - OBJETIVO DESTA OBRA (O
Evangelho Segundo o Espiritismo)
Podem dividir-se em cinco partes as matérias
contidas nos Evangelhos: 1- os atos comuns da vida do Cristo 2- os milagres 3- as predições 4- as palavras que foram tomadas pela Igreja
para fundamento de seus dogmas (pontos tomados como fundamentais e incontestáveis) 5- e o ensino moral.
As quatro primeiras têm sido objeto de
controvérsias; a última, porém, conservou-se constantemente inatacável. O ponto
unânime é a MORAL.
Todos admiram a moral que consta no Evangelho
(Bíblia). Muitos nunca leram e repetem apenas aquilo
que ouviram dos outros. Poucos conhecem a fundo e menos ainda são os que
compreendem de fato, assimilando os ensinamentos e colocando-os em prática nas
suas vidas.
Uma das razões é a dificuldade que apresenta o
entendimento do Evangelho que, para o maior número dos seus leitores, é
difícil. Sendo assim, O Evangelho
Segundo o Espiritismo reúne apenas uma coletânea dos artigos que podem compor,
a bem dizer, um código de moral universal, sem distinção de culto. Desta forma, O ESTUDO DA PARTE MORAL, SERVE PARA TODOS, independente de crença ou religião.
II – AUTORIDADE DA DOUTRINA ESPÍRITA. CONTROLE UNIVERSAL DO ENSINO DOS ESPÍRITOS
Entende-se que ninguém, neste mundo, poderia
alimentar fundadamente a pretensão de possuir, com exclusividade, a verdade
absoluta. Quis Deus que a nova revelação chegasse aos
homens por mais rápido caminho e mais autêntico. Incumbiu (encarregou),
pois, os Espíritos de levá-la de um pólo a outro, manifestando-se por toda a
parte, sem conferir a ninguém o privilégio de lhes ouvir a palavra. Um homem
pode ser ludibriado (enganado), pode enganar-se a si mesmo; já
não será assim, quando milhões de criaturas vêem e ouvem a mesma coisa.
Constitui isso uma garantia para cada um e para todos. As revelações dos Espíritos chegam
simultaneamente a diversos lugares diferentes do mundo, sempre com a mesma
mensagem moral. Ainda que faltem os homens para difundi-la: haverá sempre os
Espíritos, cuja atuação a todos atinge e aos quais ninguém pode atingir. Uma só garantia séria existe para o ensino dos
Espíritos: a concordância que haja entre as revelações que eles façam
espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos
outros e em vários lugares.
III – NOTÍCIAS HISTÓRICAS Para bem se compreenderem algumas passagens dos
Evangelhos, necessário se faz conhecer o valor de muitas palavras neles
freqüentemente empregadas e que caracterizam o estado dos costumes e da
sociedade judia naquela época. Já não tendo para nós o mesmo sentido, essas
palavras foram com freqüência mal-interpretadas, causando isso uma espécie de
incerteza. A inteligência da significação delas explica, ao demais, o
verdadeiro sentido de certas máximas que, à primeira vista, parecem singulares Neste ítem encontramos as definições para: Escribas - Essênios ou esseus - Fariseus -
Nazarenos - Portageiros - Publicanos - Saduceus - Samaritanos - Sinagoga -
Terapeutas
IV – SÓCRATES E PLATÃO, PRECURSORES DA IDÉIA
CRISTÃ E DO ESPIRITISMO
As idéias ensinadas por Jesus, já eram
pressentidas muitos séculos antes de Jesus e dos essênios, tendo por principais
precursores Sócrates e Platão. Sócrates, como o Cristo, nada escreveu, ou, pelo
menos, nenhum escrito deixou. Como o Cristo, teve a morte dos criminosos,
vítima do fanatismo, por haver atacado as crenças que encontrara e colocado a
virtude real acima da hipocrisia (falsidade, fingimento)
, combatendo os preconceitos religiosos. Do mesmo modo que Jesus, a quem os fariseus
acusavam de estar corrompendo o povo com os ensinamentos que lhe ministrava.
Assim como a doutrina de Jesus só a conhecemos pelo que escreveram seus
discípulos, da de Sócrates só temos conhecimento pelos escritos de seu
discípulo Platão.
RESUMO DA DOUTRINA DE SÓCRATES E DE PLATÃO
Lá encontramos 21 tópicos de maior relevância(importância)
que vão de encontro com os ensinamentos morais de Jesus, expostos
resumidamente, para mostrar a concordância deles com os princípios do
Cristianismo.
4ª parte: Prece pelas pessoas queridas, amigos
ou inimigos, encarnados ou desencarnados:
É
um momento onde, junto com a família ou sozinho, num horário pré-estabelecido,
fazemos preces, leituras evangélicas e comentários construtivos, com base nos
ensinamentos de Jesus.
2- POR QUE FAZER O EVANGELHO NO LAR?
O Estudo do Evangelho no Lar abre as portas da nossa casa aos benefícios espirituais, da mesma forma que desentendimentos, brigas e xingamentos favorecem o assalto das sombras (Richard Simonetti). Atrai os bons e afasta ou esclarece os maus espíritos.
Conduz-nos a uma compreensão racional dos ensinamentos do Cristo, levando-nos ao esclarecimento e à aceitação de tê-los como roteiro seguro para nossas vidas. Ajuda-nos a superar as dificuldades no lar e fora dele, acendendo-nos a luz da compreensão e da paciência.
Modifica o padrão vibratório dos nossos pensamentos e sentimentos, desanuviando as nossa mentes congestionadas das criações inferiores, agentes da enfermidade e dos desequilíbrios. Com Jesus no Lar, pelo estudo e vivência do Evangelho, tem-se a verdadeira paz.
3- O QUE O EVANGELHO NO LAR PODE TRAZER DE BOM PARA A MINHA CASA?
Com o Evangelho no Lar formamos as defesas magnéticas da nossa casa, envolvendo o ambiente espiritual das energias positivas que nos defendem de toda ação maléfica. É uma verdadeira segurança espiritual que passa a funcionar em benefício de todo o grupo.
Além da ajuda que essa prática proporciona no programa espiritual de todo o grupo familiar, estende a caridade aos vizinhos e para aqueles que se sintam também estimulados a mudar com o nosso exemplo Quantos espíritos igualmente se beneficiam com essa fonte de luz!
Livro “Os mensageiros” - André Luiz, capítulos 35 ao 37
“Toda vez que se ora num lar, prepara-se a melhoria do ambiente doméstico. Cada prece do coração constitui emissão eletromagnética de relativo poder.”
4- O EVANGELHO NO LAR AFASTA OS MAUS ESPÍRITOS?
Livro “Os mensageiros” - André Luiz, capítulos 35 ao 37 (continuação)
"Por isso mesmo, o culto familiar do Evangelho não é tão só
um curso de iluminação interior, mas também processo avançado de defesa
exterior, pelas claridades espirituais que acende em torno. O homem que ora
traz consigo inalienável (intransferível) couraça (armadura). O lar que cultiva a prece transforma-se em
fortaleza, compreenderam? As entidades da sombra experimentam choques de vulto,
em contacto com as vibrações luminosas deste santuário doméstico, e é por isso
que se mantêm a distância, procurando outros rumos..."
5- AS BOAS VIBRAÇÕES DO EVANGELHO NO LAR LIMITAM-SE APENAS PARA A MINHA CASA OU VÃO ALÉM DISSO?
Livro Messe de amor - Joanna de Ângelis - Divaldo Franco.
"Quando uma família ora em casa, reunida nas blandícias
(carinhos, afagos, ternura) do Evangelho, toda a rua recebe o beneficio da
comunhão (ligação, conexão) com o Alto. Se alguém, num edifício de apartamentos, alça aos céus a
prece da comunhão em família, todo o edifício se beneficia, qual lâmpada
ignorada acesa na ventania."
6- QUANTAS VEZES POR SEMANA DEVEMOS FAZER O EVANGELHO NO LAR?
Livro Messe de amor - Joanna de Ângelis - Divaldo Franco.
"Dedica uma das sete noites da semana ao culto do Evangelho
no lar, a fim de que Jesus possa pernoitar em tua casa. Prepara a mesa, coloca
água pura, abre o Evangelho, distende (aumente, estenda) a mensagem da fé, enlaça a família e ora,
Jesus virá em visita."
7- QUANTO TEMPO DEVE DURAR O EVANGELHO NO LAR?
Embora não se tenha um tempo exato, recomenda-se algo entre
20 a 60 minutos. Faça de acordo com o que lhe for mais conveniente (ou
compatível com seus horários), mas que ao mesmo tempo seja possível a
assimilação dos conteúdos e das mensagens.
8- QUANTAS PESSOAS SÃO NECESSÁRIAS PARA REALIZAR O CULTO DO EVANGELHO?
A partir de uma, porém o estudo deve ser feito sempre em voz
alta, mesmo no caso de quem estiver sozinho.
Veja o diz André Luiz:
"Os espíritas, em particular, precisam compreender a
necessidade do culto do Evangelho no Lar. Pelo menos, semanalmente, é aconselhável
se reúna com os familiares ou com alguns parentes capazes de entender a
importância da iniciativa, em torno da Doutrina Espírita, à Luz do Evangelho do
Cristo e, sob a cobertura moral da oração."
9- CRIANÇAS PODEM PARTICIPAR DO EVANGELHO NO LAR?
Sim, mas neste caso recomenda-se falar numa linguagem que
ela possa compreender, ou até mesmo utilizar livros compatíveis com as
crianças, como por exemplo, "O Evangelhinho segundo o Espiritismo",
de Laura Bergallo
10- OS ESPÍRITOS NOS AJUDAM NA HORA DO EVANGELHO NO LAR?
Livro “Os mensageiros” - André Luiz, capítulos 35 ao 37
"Observei, então, um fenômeno curioso. Um amigo espiritual, que reconheci de nobilíssima condição, pelas vestes resplandecentes, colocou a destra sobre a fronte da generosa viúva.
Antes que lhe perguntasse, Aniceto explicou em voz quase imperceptível:
— Aquele é o nosso irmão Fábio Aleto, que vai dar a interpretação espiritual do texto lido. Os que estiverem nas mesmas condições dele, poderão ouvir-lhe os pensamentos; mas, os que estiverem em zona mental inferior, receberão os valores interpretativos, como acontece entre os encarnados, isto é, teremos a luz espiritual do verbo de Fábio na tradução do verbo materializado de Isabel."
11- QUAL SERIA A IMPORTÂNCIA DA ÁGUA NO EVANGELHO NO LAR?
O
Espiritismo é CIÊNCIA, FILOSOFIA e RELIGIÃO, sendo assim, devemos levar em
consideração os 3 aspectos onde naturalmente um vem a confirmar o outro.
Nos
aspectos religioso e filosófico, os espíritos já nos informavam sobre o poder
das águas quando fluidificadas (energizadas).
Allan
Kardec, no livro A Gênese, afirma: “as mais insignificantes substâncias, como a
água, por exemplo, podem adquirir qualidades poderosas e efetivas, sob a ação
do fluido espiritual ou magnético, ao qual elas servem de veículo, ou, se
quiserem, de reservatório.”
E no
aspecto científico, vemos a confirmação pelo cientista japonês Masaru
Emoto, com experiências fotografando cristais de água.
Basicamente,
podemos dizer que as moléculas de água são sensíveis ao som, aos nossos
pensamentos, palavras, ao trato e à energia que transmitimos a elas. As experiências
consistiram em submeter alguns recipientes com água a várias situações: em
algumas delas, a água ficou ao som de diferentes músicas; em outras,
simplesmente foram coladas nos vidros palavras que remetiam a coisas boas ou
ruins; em outros casos, pessoas diziam coisas como “obrigado” e “seu idiota” ao
recipiente de água, e assim por diante. Depois da exposição, a água foi
congelada e fotografada.
Surpreendente
é o resultado! Quando o sentimento envolvido é ruim, a energia é negativa e a
palavra é de ofensa, a água não forma cristais, mas fica “abalada”, “quebrada”,
disforme. Mas quando se trata de palavras de carinho, sentimentos bons e boas
energias, a água forma lindíssimos cristais, com um formato diferente para cada
situação.
Se nosso organismo
é feito de 70% de água, será provável que estejamos imunes a esses efeitos? Se
vivemos em um “planeta água”, será que nossa energia não é propagada? Vale a
pena parar, pensar e refletir em que podemos mudar para nos melhorarmos cada
vez mais.
12- VOCÊS TERIAM UMA SUGESTÃO DE ROTEIRO PARA FAZER O EVANGELHO NO LAR?
O nosso roteiro (em nossos vídeos) terão 40 minutos de duração, distribuídos da seguinte forma
1- Prece de abertura.
2- Página de preparo (e comentários)
3- Evangelho (e comentários)
4- Prece pelas pessoas queridas, importantes ou necessitadas
5- Fluidificação (energização) da água
6- Prece de encerramento
Outra sugestão de roteiro:
Obs: Parte do tempo de 22 minutos para leitura e comentários
pode ser também utilizado para preces e vibrações em favor de pessoas queridas.
E, finalizando, seguem os capítulos
35,36 e 37 do livro MENSAGEIROS, de André Luiz, com a narração do que acontece
durante o Culto do Evangelho no Lar, na visão do lado de lá.
35 - Culto doméstico
Nas primeiras horas da noite, Dona Isabel abandonou a agulha e convidouos filhinhos para o culto doméstico.
Notando o interesse que me despertavam as crianças, Aniceto explicou:
— As meninas são entidades amigas de “Nosso Lar”, que vieram para serviço espiritual e resgate necessário, na Terra. O mesmo, porém, não
acontece ao pequeno, que procede de região inferior.
De fato, eu identificava perfeitamente a situação, O rapazola não se revestia de substância luminosa e atendia ao convite materno, não como
quem se alegra, mas como quem obedece.
Com tamanha naturalidade se sentaram todos em torno da mesa, que compreendi a antigüidade daquele abençoado costume familiar. A filha
mais velha, que atendia por Joaninha, trazia cadernos de anotações e recortes
de jornais.
A viúva sentou-se à cabeceira e, após meditar breves instantes, recomendou à pequena Neli, de nove anos, fizesse a oração inicial do
culto, pedindo a Jesus o esclarecimento espiritual.
Todos os trabalhadores invisíveis sentaram-se, respeitosos. Isidoro e alguns companheiros mais íntimos do casal permaneceram ao lado de Dona Isabel, sendo quase todos vistos e ouvidos por ela.
Tão logo começou aquele serviço espiritual da família, as luzes
ambientes se tornaram muito mais intensas.
Profunda sensação de paz envolvia-me o coração.
A pequena Neli, em voz comovente, fez a prece:
— Senhor, seja feita a vossa vontade, assim na Terra como nos Céus. Se está em vosso santo desígnio (intenção) que recebamos mais luz, permiti, Senhor, tenhamos bastante compreensão no trabalho evangélico! Dai-nos o pão da alma, a água da vida eterna! Sede em nossos corações, agora e sempre. Assim seja!...
Dona Isabel pediu à filha mais velha lesse uma página instrutiva e consoladora e, em seguida, algum fato interessante do noticiário comum,
ao que Joaninha atendeu, lendo pequeno capitulo de um livro doutrinário
sobre a irreflexão, e um episódio triste de jornal leigo. A primogênita (filha mais velha) de
Isidoro, que revelava muita doçura e afabilidade (delicadeza), parecia impressionada. Tratava-se
de uma jovem de bairro distante, vitima de suicídio doloroso. O repórter
gravara a cena com característicos muito fortes. A leitora estava trêmula,
sensibilizada. Assim que Joaninha terminou, Dona Isabel abriu o Novo Testamento, como se estivesse procedendo ao acaso, mas, em verdade, eu via que Isidoro,
do nosso plano, intervinha na operação, ajudando a focalizar o assunto da
noite. A seguir, fixou o olhar na página pequenina e falou:
— A mensagem-versículo de hoje, meus filhos, está no capítulo 13 do Evangelho de São Mateus.
E lendo o versículo 31, fê-lo em voz alta:
— “Outra parábola lhes propôs, dizendo: — O Reino dos Céus é semelhante ao grão de mostarda que o homem tomou e semeou no seu campo.”
Observei, então, um fenômeno curioso. Um amigo espiritual, que reconheci de nobilíssima condição, pelas vestes resplandecentes, colocou a destra (mão direita)
sobre a fronte (testa) da generosa viúva.
Antes que lhe perguntasse, Aniceto explicou em voz quase imperceptível:
— Aquele é o nosso irmão Fábio Aleto, que vai dar a interpretação espiritual do texto lido. Os que estiverem nas mesmas condições dele,
poderão ouvir-lhe os pensamentos; mas, os que estiverem em zona mental inferior, receberão os valores interpretativos, como acontece entre os encarnados,
isto é, teremos a luz espiritual do verbo de Fábio na tradução do verbo materializado de Isabel.
Nosso mentor não poderia ser mais explícito (claro). Em poucas palavras fornecera-me a súmula da extensa lição. Notei que a viúva de Isidoro entrara em profunda concentração por alguns momentos, como se estivesse absorvendo a luz que a rodeava. Em seguida, revelando extraordinária firmeza no olhar, iniciou o comentário:
- “Lemos hoje, meus filhos, uma página sobre a irreflexão e a notícia de
um suicídio em tristíssimas circunstâncias. Afirma o jornal que a jovem suicida
se matou por excessivo amor; entretanto, pelo que vimos aprendendo, estamos certos de que ninguém comete erros por amar verdadeiramente. Os que amam, de fato, são cultivadores da vida e nunca espalham a morte. A pobrezinha estava doente, perturbada, irrefletida. Entregou-se à paixão
que confunde o raciocínio e rebaixa o sentimento. E nós sabemos que, da
paixão ao sofrimento, ou à morte, não é longa a distância. Lembremos, todavia,
essa amiga desconhecida, com um pensamento de simpatia fraternal. Que Jesus a proteja nos caminhos novos. Não estamos examinando um ato, que ao Senhor compete julgar, mas um fato, de cuja expressão devemos extrair o ensinamento justo.
A mensagem evangélica desta noite assevera (afirma), pela palavra do nosso Divino Mestre aos discípulos, que o reino dos céus é também “semelhante
ao grão de mostarda que o homem tomou e semeou no seu coração”. Devemos ver, neste passo, meus filhos, a lição das coisas mínimas. A esfera
carnal onde vivemos está repleta de irreflexões de toda sorte. Raras criaturas
começam a refletir seriamente na vida e nos deveres, antes do leito da morte
física. Não devemos fixar o pensamento tão só nessa jovem que se suicidou em
condições tão dramáticas, ao nos referirmos aos ensinos de agora. Há homens e mulheres, com maiores responsabilidades, em todos os bairros, que evidenciam paixões nefastas (nocivas) e destruidoras no campo dos sentimentos, dos negócios, das relações sociais. As mentes desequilibradas pela
irreflexão permanecem, neste mundo, quase por toda a parte. É que nos temos
descuidado das coisas pequeninas. Grande é o oceano, minúscula é a gota, mas o oceano não é senão a massa das gotas reunidas. Fala-nos o Mestre, em
divino simbolismo, da semente de mostarda. Recordemos que o campo do nosso coração está cheio de ervas espinhosas, demorando, talvez, há muitos séculos, em terrível esterilidade. Naturalmente, não deveremos esperar
colheitas milagrosas. É indispensável amanhar (preparar, cultivar) a terra e cuidar do plantio. A
semente de mostarda, a que se refere Jesus, constitui o gesto, a palavra, o
pensamento da criatura.
Há muitas pessoas que falam bastante em humildade, mas nunca revelam um gesto de obediência. Jamais realizaremos a bondade, sem começarmos a ser bons. Alguma coisa pequenina há de ser feita, antes de edificarmos (construirmos)
as grandes coisas, O Senhor ensinou, muitas vezes, que o reino dos céus
está dentro de nós. Ora, é portanto em nós mesmos que devemos desenvolver o trabalho máximo de realização divina, sem o que não passaremos de
grandes irrefletidos. A floresta também começou de sementes minúsculas. E nós, espiritualmente falando, temos vivido em densa floresta de males,
criados por nós mesmos, em razão da invigilância na escolha de sementes espirituais.
A palestra de uma hora, o pensamento de um dia, o gesto de um momento, podem representar muito em nossas vidas. Tenhamos cuidado com as coisas pequeninas e selecionemos os grãos de mostarda do reino dos céus.
Lembremos que Jesus nada ensinou em vão. Toda vez que “pegarmos” desses grãos, consoante (conforme, segundo) a Palavra Divina, semeando-os no campo íntimo,
receberemos do Senhor todo o auxilio necessário. Conceder-nos-á a chuva das bênçãos, o sol do amor eterno, a vitalidade sublime da esfera superior.
Nossa semeadura crescerá e, em breve tempo, atingiremos elevadas edificações.
Aprendamos, meus filhos, a ciência de começar, lembrando a bondade de Jesus a cada instante. O Mestre não nos desampara, segue-nos amorosamente, inspira-nos o coração. Tenhamos, sobretudo, confiança e alegria!”
Reparei que Fábio retirou a mão da fronte da viúva e observei que ela entrava a meditar, como quem sentira o afastamento da ideia em curso.
Havia grande comoção na assembleia invisível às crianças que, por sua vez, também pareciam impressionadas.
Dona Isabel voltou a contemplar maternalmente os filhos, e falou:
— Procuremos, agora, conversar um pouco.
36 - Mãe e filhos
No comentário evangélico, eu recolhia observações interessantes. Tal como no caso de Ismália, quando lhe ouvíamos a sublime melodia, a
interpretação de Fábio estava cheia de maravilhas espirituais que transcendiam
à capacidade receptiva de Dona Isabel. A viúva de Isidoro parecia deter
tão somente uma parte.
Desse modo, as crianças recebiam a lição de acordo com as possibilidades mediúnicas da palavra materna, enquanto que a nós outros se propiciava o ensinamento com maravilhoso conteúdo de beleza.
Sempre solícito, o instrutor esclareceu:
— Não se admirem do fenômeno! cada qual receberá a luz espiritual conforme a própria capacidade. Há muitos companheiros nossos, aqui
reunidos, que registram o comentário de Fábio com mais dificuldade que as próprias crianças. Experimentam, ainda, grandes limitações.
Havia grande respeito em todos os desencarnados presentes.
Fábio Aleto sentou-se em plano superior, ao passo que Isidoro se acomodava junto da esposa, no impulso afetivo do pai que se aproxima,
solícito, para a conversação carinhosa com os filhos bem-amados.
Nesse instante, a pequenina Marieta, que parecia haver atingido os sete anos, aproveitando o momento de palavra livre, perguntou à mâezinha, em
tom comovedor:
— Mamãe, se Jesus é tão bom, porque estamos comendo só uma vez por dia, aqui em casa? Na casa de Dona Fausta, eles fazem duas refeições, almoçam e jantam. Neli me contou que no tempo de papai também fazíamos assim, mas agora... Porque será?
A viúva esboçou um sorriso algo triste e falou:
— Ora, Marieta, você vive muito impressionada com essa questão. Não devemos, filhinha, subordinar (submeter) todos os pensamentos às necessidades do estômago. Há quanto tempo estamos tomando nossa refeição diária e
gozando boa saúde? Quanto benefício estaremos colhendo com esta frugalidade (costume simples) de alimentação?
Joaninha interveio, acrescentando:
— Mamãe tem toda a razão. Tenho visto muita gente adoecer por abuso da mesa.
— Além disso — acentuou Dona Isabel, confortada —, vocês devem estar certos de que Jesus abençoa o pão e a água de todas as criaturas que
sabem agradecer as dádivas (presentes) divinas. É verdade que Isidoro partiu antes de nós,
mas nunca nos faltou o necessário. Temos nossa casinha, nossa união
espiritual, nossos bons amigos. Convençam-se de que o papai está trabalhando ainda por nós.
Nessa altura da palestra, dada a nossa comoção, Isidoro enxugou os olhos úmidos.
Noemi, a caçula pequenina, falou em voz infantil:
— É mesmo, é verdade! eu vi papai ajudando a segurar o bolo que Dona Cora nos trouxe domingo.
— Também vi, Noemi — disse Dona Isabel, de olhos vivamente brilhantes
—, papai continua auxiliando-nos.
E voltando-se para todos, acentuou:
— Quando sabemos amar e esperar, meus filhos, não nos separamos dos entes queridos que morrem para a vida física. Tenhamos certeza na
proteção de Jesus!...
— Quando a senhora fala, mamãe, eu sinto que tudo é verdade! Como Jesus é bom! E se nós não tivéssemos a senhora? Tenho visto os pequenos mendigos abandonados. Talvez não comam coisa alguma, talvez não tenham amigos como os nossos! Ah! como devemos ser agradecidos ao Céu!...
A viúva, que se confortava visivelmente, ouvindo aquelas palavras, exclamou com profunda emoção:
— Muito bem, minha filha! Nunca deveremos reclamar e sim louvar sempre.
E possivelmente não saberia você compreender a situação, se estivéssemos em mesas lautas (luxuosas, de riquezas).
Observei, porém, que o menino não compartilhava aquele dilúvio de bênçãos. Entre Dona Isabel e as quatro filhinhas havia permuta constante
de vibrações luminosas, como se estivessem identificadas no mesmo ideal e unidas numa só posição; mas o rapazote permanecia espiritualmente
distante, fechado num círculo de sombras. De quando em quando, sorria irônico, insensível à significação do momento. Valendo-se da pausa mais longa,
ele perguntou à genitora, menos respeitosamente:
— Mamãe, que entende a senhora por pobreza?
Dona Isabel respondeu, muito serena:
— Creio, meu filho, que a pobreza é uma das melhores oportunidades de elevação, ao nosso alcance. Estou convencida de que os homens
afortunados têm uma grande tarefa a cumprir, na Terra, mas admito que os pobres,
além da missão que lhes cabe no mundo, são mais livres e mais felizes. Na
pobreza, é mais fácil encontrar a amizade sincera, a visão da assistência de Deus,
os tesouros da natureza, a riqueza das alegrias simples e puras. É claro
que não me refiro aos ociosos e ingratos dos caminhos terrenos. Refiro-me aos
pobres que trabalham e guardam a fé. O homem de grandes possibilidades
financeiras muito dificilmente saberá discernir entre a afeição e o interesse
mesquinho; crente de que tudo pode, nem sempre consegue entender a divina proteção; pelo conforto viciado a que se entrega, as mais das vezes se afasta das bênçãos da Natureza; e em vista de muito satisfazer aos próprios
caprichos, restringe a capacidade de alegrar-se e confiar no mundo. Apesar da beleza profunda daquela opinião, o rapazola permaneceu impassível, respondendo algo contrariado:
— Infelizmente, não posso concordar com a senhora. Até os garotos do jardim de infância pensam de modo contrário.
Dona Isabel mudou a expressão fisionômica, assumiu a atitude de quem instrui com a noção de responsabilidade, e acentuou:
— Não estamos aqui num jardim de infância, meu filho. Estamos no jardim do lar, competindo-nos saber que as flores são sempre belas, mas que a
vida não pode prosseguir sem a bênção dos frutos. Por onde andarmos no mundo, receberemos muitos alvitres (sugestões, propostas) da mentira venenosa. É preciso vigiar o
coração, Joãozinho, valorizando as bênçãos que Jesus nos envia.
O rapazinho, entretanto, demonstrando enorme rebeldia Intima, tornou:
— A senhora não considera razoável alugar este salão a fim de termos algum dinheiro a mais? Estive conversando, ontem, com o “seu” Maciel, quando vim da escola. Ele nos pagaria bem, para ter aqui um depósito de móveis.
Dona Isabel, de ânimo decidido, respondeu com energia, sem irritação:
— Você deve saber, meu filho, que enquanto respeitarmos a memória de seu pai, este salão será consagrado (direcionado) às nossas atividades evangélicas. Já
lhes contei a história do nosso culto doméstico e não desejo que vocês sejam
cegos às bênçãos do Cristo. Mais tarde, Joãozinho, quando você entrar
diretamente na luta material, se for agradável ao seu temperamento, construa casas
para alugar; mas agora, meu filho, é indispensável que você considere este
recanto como algo de sagrado para sua mamãe.
— E se eu insistir? — perguntou, mal humorado, o pequeno orgulhoso.
A viúva, muito calma, esclareceu firme:
— Se você insistir, será punido, porque eu não sou mãe para criar
ilusões perigosas ao coração dos filhinhos que Deus me confiou. Se muito amo a vocês, precisarei incliná-los ao caminho reto.
O pequeno quis retrucar, mas a luz emitida pelo tórax de Dona Isabel, ao que me pareceu, confundiu-lhe o espírito rebelde e vi-o calar-se, a
contragosto, amuado (desgostoso) e enraivecido. Admirei, então, profundamente, aquela bondosa
mulher, que se dirigia à filha mais velha como amiga, às filhinhas mais novas
como mãe, e ao filho orgulhoso como instrutora sensata e ponderada.
Aniceto, que também se mostrava satisfeito, disse-nos em tom
significativo:
— O Evangelho dá equilíbrio ao coração -
A pequena Neli, amedrontada, pediu, humilde:
— Mamãe, não deixe Joãozinho alugar a sala!
A viúva sorriu, acariciou o rostinho da filha e asseverou:
— Joãozinho não fará isso, saberá compreender a mamãe. Não falemos mais neste assunto, Neli - E fixando o relógio, dirigiu-se à primogênita:
— Joaninha, minha filha, ore agradecendo, em nosso nome. Nosso horário está findo.
A jovem, com expressão nobre e carinhosa, agradeceu ao Senhor, tocando-nos os corações.
37 - No santuário doméstico
Terminado o culto familiar, um dos companheiros também rendeu graças.
— Esperemos que esses celeiros de sentimentos se multipliquem — disse Aniceto, sensibilizado. O mundo pode fabricar novas indústrias, novos
arranha-céus (altos edifícios), erguer estátuas e cidades, mas, sem a bênção do lar, nunca haverá felicidade verdadeira.
— Bem-aventurados os que cultivam a paz doméstica — exclamou uma senhora simpática, que estivera presente ao nosso lado, durante a
reunião.
Dois cooperadores de “Nosso Lar” serviram-nos alimentação leve e simples, que não me cabe especificar aqui, por falta de termos
analógicos (compatíveis para se comparar).
— Em oficinas como esta — explicou o instrutor amigo — é possível preservar a pureza de nossas substâncias alimentícias, Os elementos mais baixos não encontram, neste santuário, o campo imprescindível à
proliferação. Temos bastante luz para neutralizar qualquer manifestação da treva.
E, enquanto a família humana de Isidoro fazia frugal (simples) refeição de chá com torradas, numa saleta próxima, fazíamos nós ligeiro repasto, entremeado
de palestra elevada e proveitosa.
O ambiente continuou animado, em teor de franca alegria.
Depois das vinte e três horas, a viúva recolheu-se com os filhos, em modesto aposento.
Intraduzível a nossa sensação de paz.
Aniceto, Vicente e eu, em companhia doutros amigos, fomos ao pequeno jardinzinho que rodeava a habitação.
As flores veludosas rescendiam. A claridade espiritual ambiente, como
que espancava as sombras da noite.
Respirando as brisas cariciosas que sopravam da Guanabara, reparei, pela primeira vez, no delicado fenômeno, que não havia observado até então.
Uma pequena carinhosa, enquanto a mãezinha palestrava com um amigo, despreocupadamente, colheu um cravo perfumoso, num grito de alegria. vi
a menina colher a flor, retirá-la da haste, ao mesmo tempo que a parte
material do cravo emurchecia, quase de súbito. A senhora repreendeu-a, com calor:
— Que é isso, Regina? Não temos o direito de perturbar a ordem das coisas. Não repitas, minha filha! Desgostaste a mamãe!
— Esta é a nossa Irmã Emilia, servidora em “Nosso Lar”, que vem ao encontro do esposo ainda encarnado.
— E ele virá até aqui? — interrogou Vicente, curioso.
— Virá pelas portas do sono físico — acrescentou nosso orientador, sorridente. — Estas ocorrências, no cÍrculo da Crosta, dão-se aos
milhares, todas as noites. Com a maioria de irmãos encarnados, o sono apenas
reflete as perturbações fisiológicas ou sentimentais a que se entregam;
entretanto, existe grande número de pessoas que, com mais ou menos precisão, estão aptas a desenvolver este intercâmbio espiritual.
Estava surpreendido. Aquele trabalho interessante, a que nos trazia Aniceto, com tão vasto campo de serviços gerais, fazia-me intensamente
feliz.
Em cada canto pressentia atividades novas.
Embora as luzes que nos rodeavam, notei que os céus prometiam aguaceiros próximos. As brisas leves transformavam-se, repentinamente,
em ventania forte. Não obstante (apesar disso), as sensações de sossego eram
agradabilíssimas.
— O vento, na Crosta, é sempre uma bênção celeste — exclamou Aniceto, sentencioso. — Podemos avaliar-lhe o caráter divino, em virtude da nossa condição atual. A pressão atmosférica sobre os Espíritos encarnados é, aproximadamente, de quinze mil quilos.
— Todavia, é interessante notar — aduziu (mencionou) Vicente — que não sentimos tamanho peso sobre os ombros.
— É a diferença dos veículos de manifestação — esclareceu Aniceto, atencioso. — Nossos corpos e os de nossos companheiros encarnados apresentam diversidade essencial. Imaginemos o círculo da Crosta como um oceano de oxigênio. As criaturas terrestres são elementos pesados que se movimentam no fundo, enquanto nós somos as gotas de óleo, que podem voltar à tona, sem maiores dificuldades, pela qualidade do material de
que se constituem.
A essa altura do esclarecimento, notei que formas sombrias, algumas monstruosas, se arrastavam na rua, à procura de abrigo conveniente.
Reparei, com espanto, que muitas tomavam a nossa direção, para, depois de alguns passos, recuarem amedrontadas. Provocavam assombro. Muitas, pareciam verdadeiros animais perambulando na via pública. Confesso que
insopitável (incontrolável, indominável) receio me invadira o coração.
Calmo, como sempre, Aniceto nos tranqüilizou:
— Não temam — disse. Sempre que ameaça tempestade, os seres vagabundos da sombra se movimentam procurando asilo. São os ignorantes que vagueiam nas ruas, escravizados às sensações mais fortes dos
sentidos físicos. Encontram-se ainda colados às expressões mais baixas da
experiência terrestre e os aguaceiros os incomodam tanto quanto ao homem comum,
distante do lar. Buscam, de preferência, as casas de diversão noturna,
onde a ociosidade encontra válvula nas dissipações. Quando isto não se lhes
torna acessível, penetram as residências abertas, considerando que, para eles,
a matéria do plano ainda apresenta a mesma densidade característica.
E, demonstrando interesse em valorizar a lição do minuto, acrescentou:
— Observem como se inclinam para cá, fugindo, em seguida, espantados e inquietos. Estamos colhendo mais um ensinamento sobre os efeitos da
prece.
Nunca poderemos enumerar todos os benefícios da oração. Toda vez que seora num lar, prepara-se
a melhoria do ambiente doméstico. Cada prece do coração constitui
emissão eletromagnética de relativo poder. Por isso mesmo, o culto familiar do
Evangelho não é tão só um curso de iluminação interior, mas também processo
avançado de defesa exterior, pelas claridades espirituais que acende em torno.
O homem que ora traz consigo inalienável couraça. O lar que cultiva a prece
transforma-se em fortaleza, compreenderam? As entidades da sombra experimentam
choques de vulto, em contacto com as vibrações luminosas deste santuário
doméstico, e é por isso que se mantêm a distância, procurando outros rumos...
Daí a momentos, penetrávamos, de novo, no salão abençoado da modesta residência.
Como quem estivesse atravessando um país de surpresas, outro fato me despertava profunda admiração.
Isidoro e Isabel vieram a nós, de braços entrelaçados, irradiando
ventura.
Aquela viúva pobre do bairro humilde vestia-se agora lindamente, não
obstante nos a todos, cumprimentava-nos, amável.
— Meus amigos — disse ela, serena —, meu marido e eu temos uma excursão instrutiva para esta noite. Deixo-lhes as nossas crianças por
algumas horas e, desde já, lhes agradeço o cuidado e o carinho.
— Vá, minha filha! — respondeu uma senhora idosa — aproveite o repouso
corporal. Deixe os meninos conosco. Vá tranqüila!
O casal afastou-se com a expressão dum sublime noivado.
Nosso orientador inclinou-se para nós e falou:
— Observam vocês como a felicidade divina se manifesta no sono dos justos? Poucas almas encarnadas conheço com a ventura desta mulher admirável, que tem sabido aprender a ciência do sacrifício individual.