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Página de preparo:
Cap
154 - Renunciar (Livro “Caminho verdade e vida”, de Emmanuel, psicografado por
Chico Xavier)
“E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai,
mãe, mulher, filhos ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto e
herdará a vida eterna.” - Jesus (Mateus, 19:29)
Neste
versículo do Evangelho de Mateus, o Mestre Divino nos induz ao dever de
renunciar aos bens do mundo para alcançar a vida eterna. Há necessidade,
proclama o Messias, de abandonar pai e mãe, mulher e irmãos do mundo. No
entanto, é necessário esclarecer como renunciar.
Jesus explica
que o êxito pertencerá aos que assim procederem por amor de seu nome.
A primeira
vista, o alvitre (conselho, sugestão) divino
parece contra-senso.
Como
olvidar (esquecer) os sagrados deveres da
existência, se o Cristo veio até nós para santificá-los? Os discípulos
precipitados não souberam atingir o sentido do texto, nos tempos mais antigos.
Numerosos irmãos de ideal recolheram-se à sombra do claustro (convento, mosteiro), esquecendo obrigações superiores
e inadiáveis.
Fácil,
porém, reconhecer como o Cristo renunciou.
Aos
companheiros que o abandonaram aparece, glorioso, na ressurreição. Não obstante
(apesar de, contudo) as hesitações dos amigos,
divide com eles, no cenáculo (sala onde Jesus ceou com
os apóstolos), os júbilos (alegrias,
felicidades) eternos. Aos homens ingratos que o crucificaram oferece
sublime roteiro de salvação com o Evangelho e nunca se descuidou um minuto das
criaturas.
Observemos,
portanto, o que representa renunciar por amor ao Cristo. É perder as esperanças
da Terra, conquistando as do Céu.
Se os pais
são incompreensíveis, se a companheira é ingrata, se os irmãos parecem cruéis,
é preciso renunciar à alegria de tê-los melhores ou perfeitos, unindo-nos,
ainda mais, a eles todos, a fim de trabalhar no aperfeiçoamento com Jesus.
Acaso, não
encontras compreensão no lar? os amigos e irmãos são indiferentes e rudes?
Permanece ao lado deles, mesmo assim, esperando para mais tarde o júbilo (alegria) de encontrar os que se afinam perfeitamente
contigo. Somente desse modo renunciarás aos teus, fazendo-lhes todo o bem por
dedicação ao Mestre, e, somente com semelhante renúncia, alcançarás a vida
eterna.
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Capítulo 23 (Estranha moral) , itens 4 ao 6
(Abandonar pai, mãe e filhos)
Abandonar pai, mãe e filhos
4. Aquele
que houver deixado, pelo meu nome, sua casa, os seus irmãos, ou suas irmãs, ou
seu pai, ou sua mãe, ou sua mulher, ou seus filhos, ou suas terras, receberá o
cêntuplo (100 vezes mais) de tudo isso e terá
por herança a vida eterna. (S. MATEUS, cap. XIX, v. 29.)
5. Então,
disse-lhe Pedro: Quanto a nós, vês que tudo deixamos e te seguimos. -Jesus lhe
observou: Digo-vos, em verdade, que ninguém deixará, pelo reino de Deus, sua
casa, ou seu pai, ou sua mãe, ou seus irmãos, ou sua mulher, ou seus filhos -
que não receba, já neste mundo, muito mais, e no século vindouro a vida eterna.
(S. LUCAS, cap. XVIII, vv. 28 a 30.)
6. Disse-lhe
outro: Senhor, eu te seguirei; mas, permite que, antes, disponha do que tenho
em minha casa. - Jesus lhe respondeu: Quem quer que, tendo posto a mão na
charrua (instrumento próprio para lavrar a terra),
olhar para trás, não esta apto para o reino de Deus. (S. LUCAS, cap. IX, vv. 61
e 62.)
Sem discutir as
palavras, deve-se aqui procurar o pensamento, que era, evidentemente, este:
"Os interesses da vida futura prevalecem sobre todos os interesses e todas
as considerações humanas", porque esse pensamento está de acordo com a
substância da doutrina de Jesus, ao passo que a idéia de uma renunciação à
família seria a negação dessa doutrina.
Não temos, aliás,
sob as vistas a aplicação dessas máximas no sacrifício dos interesses e das
afeições de família aos da Pátria? Censura-se, porventura (por acaso), aquele que deixa seu pai, sua mãe, seus
irmãos, sua mulher, seus filhos, para marchar em defesa do seu país? Não se lhe
reconhece, ao contrário, grande mérito em arrancar-se às doçuras do lar
doméstico, aos liames (vínculos) da amizade,
para cumprir um dever? E que, então, há deveres que sobrelevam a outros
deveres. Não impõe a lei à filha a obrigação de deixar os pais, para acompanhar
o esposo? Formigam no mundo os casos em que são necessárias as mais penosas
separações. Nem por isso, entretanto, as afeições se rompem. O afastamento não
diminui o respeito, nem a solicitude do filho para com os pais, nem a ternura
destes para com aquele. Vê-se, portanto, que, mesmo tomadas ao pé da letra,
excetuado o termo odiar, aquelas palavras não seriam uma negação do
mandamento que prescreve ao homem honrar a seu pai e a sua mãe, nem do afeto
paternal; com mais forte razão, não o seriam, se tomadas segundo o espírito.
Tinham elas por fim mostrar, mediante uma hipérbole (exagero),
quão imperioso é para a criatura o dever de ocupar-se com a vida futura. Aliás,
pouco chocantes haviam de ser para um povo e numa época em que, como
conseqüência dos costumes, os laços de família eram menos fortes, do que no
seio de uma civilização moral mais avançada. Esses laços, mais fracos nos povos
primitivos, fortalecem-se com o desenvolvimento da sensibilidade e do senso
moral. A própria separação é necessária ao progresso. Assim as famílias como as
raças se abastardam (corrompem), desde que se
não entrecruzem, se não enxertem (incluam) umas
nas outras. E essa urna lei da Natureza, tanto no interesse do progresso moral,
quanto no do progresso físico.
Aqui, as coisas são consideradas apenas do ponto de vista terreno. O
Espiritismo no-las faz ver de mais alto, mostrando serem os do Espírito e não
os do corpo os verdadeiros laços de afeição; que aqueles laços não se quebram
pela separação, nem mesmo pela morte do corpo; que se robustecem na vida
espiritual, pela depuração (aprimoramento) do
Espírito, verdade consoladora da qual grande força haurem as criaturas, para
suportarem as vicissitudes (mudanças, contratempos,
revéses) da vida. (Cap. IV, nº 18; cap. XIV, nº 8.) *******************************************************************************
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