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Página de preparo:
Cap
58 - Discípulos (Livro “Fonte viva”, de Emmanuel, psicografado por Chico
Xavier)
"E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após
mim, não pode ser meu discípulo." - Jesus (Lucas, 14:27).
Os
círculos cristãos de todos os matizes (origens, tipos)
permanecem repletos de estudantes que se classificam no discipulado de Jesus,
com inexcedível (maior de todos) entusiasmo
verbal, como se a ligação legítima com o Mestre estivesse circunscrita a
problema de palavras.
Na
realidade, porém, o Evangelho não deixa dúvidas a esse respeito.
A vida de
cada criatura consciente é um conjunto de deveres para consigo mesma, para com
a família de corações que se agrupam em torno dos seus sentimentos e para com a
Humanidade inteira.
E não é
tão fácil desempenhar todas essas obrigações com aprovação plena das diretrizes
evangélicas.
Imprescindível
se faz eliminar as arestas do próprio temperamento, garantindo o equilíbrio que
nos é particular, contribuir com eficiência em favor de quantos nos cercam o
caminho, dando a cada um o que lhe pertence, e servir à comunidade, de cujo
quadro fazemos parte.
Sem que
nos retifiquemos (corrijamos), não corrigiremos
o roteiro em que marchamos.
Árvores
tortas não projetam imagens irrepreensíveis.
Se
buscamos a sublimação (purificação) com o
Cristo, ouçamos os ensinamentos divinos. Para sermos discípulos dele é
necessário nos disponhamos com firmeza a conduzir a cruz de nossos testemunhos
de assimilação (entendimento) do bem,
acompanhando-lhe os passos.
Aprendizes
existem que levam consigo o madeiro (tronco, carga,
peso) das provas salvadoras, mas não seguem o Senhor por se confiarem à
revolta através do endurecimento e da fuga.
Outros
aparecem, seguindo o Mestre nas frases bem feitas, mas não carregam a cruz que
lhes toca, abandonando-a à porta de vizinhos e companheiros.
Dever e
renovação.
Serviço e
aprimoramento.
Ação e
progresso.
Responsabilidade
e crescimento espiritual.
Aceitação
dos impositivos do bem e obediência aos padrões do Senhor.
Somente
depois de semelhantes aquisições é que atingiremos a verdadeira comunhão com o
Divino Mestre.
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Capítulo 23 (Estranha moral) , itens 1 ao
3 (Odiar os pais)
Odiar os pais
1. Como nas suas
pegadas caminhasse grande massa de povo, Jesus, voltando-se, disse-lhes: - Se
alguém vem a mim e não odeia a seu pai e a sua mãe, a sua mulher e a seus
filhos, a seus irmãos e irmãs, mesmo a sua própria vida, não pode ser meu
discípulo. -E quem quer que não carregue a sua cruz e me siga, não pode ser meu
discípulo. - Assim, aquele dentre vós que não renunciar a tudo o que tem não
pode ser meu discípulo. (S. LUCAS, cap. XIV, vv. 25 a 27 e 33.)
2. Aquele que ama
a seu pai ou a sua mãe, mais do que a mim, de mim não é digno; aquele que ama a
seu filho ou a sua filha, mais do que a mim, de mim não é digno. (S. MATEUS,
cap. X, v. 37.)
3. Certas palavras,
aliás muito raras, atribuídas ao Cristo, fazem tão singular contraste com o seu
modo habitual de falar que, instintivamente, se lhes repele o sentido literal,
sem que a sublimidade (pureza) da sua doutrina
sofra qualquer dano. Escritas depois de sua morte, pois que nenhum dos
Evangelhos foi redigido enquanto ele vivia, lícito (válido)
é acreditar-se que, em casos como este, o fundo do seu pensamento não foi bem
expresso, ou, o que não é menos provável, o sentido primitivo, passando de uma
língua para outra, há de ter experimentado alguma alteração. Basta que um erro
se haja cometido uma vez, para que os copiadores o tenham repetido, como se dá
freqüentemente com relação aos fatos históricos.
O termo odiar, nesta
frase de S. Lucas: Se alguém vem a mim e não odeia a seu pai e
a sua mãe, está compreendido nessa hipótese. A ninguém acudirá (caberá) atribuí-la a Jesus. Será então supérfluo discuti-la
e, ainda menos, tentar justificá-la. Importaria, primeiro, saber se ele a
pronunciou e, em caso afirmativo, se, na língua em que se exprimia, a palavra
em questão tinha o mesmo valor que na nossa. Nesta passagem de S. João:
"Aquele que odeia sua vida, neste mundo, a conserva para a vida
eterna", é indubitável (sem dúvida alguma)
que ela não exprime a idéia que lhe atribuímos.
A língua hebraica
não era rica e continha muitas palavras com várias significações. Tal, por
exemplo, a que no Gênese, designa as fases da criação: servia,
simultaneamente, para exprimir um período qualquer de tempo e a revolução
diurna. Daí, mais tarde, a sua tradução pelo termo dia e a crença de que
o mundo foi obra de seis vezes vinte e quatro horas. Tal, também, a palavra com
que se designava um camelo e um cabo, uma vez que os cabos eram
feitos de pêlos de camelo. Daí o haverem-na traduzido pelo termo camelo, na
alegoria do buraco de uma agulha. (Ver capítulo XVI, nº 2.) (1)
(1) Non odit, em latim: Kaï ou miseï em grego, não
quer dizer odiar, porém, amar menos. O que o verbo grego miseïn exprime, ainda
melhor o expressa o verbo hebreu, de que Jesus se há de ter servido. Esse verbo
não significa apenas odiar, mas, também amar menos, não amar igualmente, tanto
quanto a um outro. No dialeto siríaco, do qual, dizem, Jesus usava com mais
freqüência, ainda melhor acentuada é essa significação. Nesse sentido é que o
Gênese (capítulo XXIX, vv. 30 e 31) diz: "E Jacob amou também mais a
Raquel do que a Lia, e Jeová, vendo que Lia era odiada..." É evidente que
o verdadeiro sentido aqui é: menos amada. Assim se deve traduzir. Em muitas
outras passagens hebraicas e, sobretudo, siríacas, o mesmo verbo é empregado no
sentido de não amar tanto quanto a outro, de sorte que fora contra-senso traduzi-lo
por odiar, que tem outra acepção bem determinada. O texto de S. Mateus, aliás,
afasta toda a dificuldade. - ( Nota do Sr. Pezzani.).
Cumpre, ao demais,
se atenda aos costumes e ao caráter dos povos, pelo muito que influem sobre o
gênio particular de seus idiomas. Sem esse conhecimento, escapa amiúde (repetidas vezes) o sentido verdadeiro de certas
palavras. De uma língua para outra, o mesmo termo se reveste de maior ou menor
energia. Pode, numa, envolver injúria (ofensas)
ou blasfêmia (absurdos), e carecer de
importância noutra, conforme a idéia que suscite (venha
a originar). Na mesma língua, algumas palavras perdem seu valor com o
correr dos séculos. Por isso é que uma tradução rigorosamente literal nem
sempre exprime perfeitamente o pensamento e que, para manter a exatidão, se tem
às vezes de empregar, não termos correspondentes, mas outros equivalentes, ou
perífrases (expressar por muitas palavras o que poderia
ser dito em poucos termos).
Estas notas encontram aplicação especial
na interpretação das Santas Escrituras e, em particular, dos Evangelhos. Se se
não tiver em conta o meio em que Jesus vivia, fica-se exposto a equívocos sobre
o valor de certas expressões e de certos fatos, em conseqüência do hábito em
que se está de assimilar os outros a si próprio. Em todo caso, cumpre despojar (abrir mão) o termo odiar da sua acepção (sentido) moderna, como contrária ao espírito do
ensino de Jesus. (Veja-se também o cap. XIV, nº 5 e seguintes.)
Toda sexta-feira colocamos um novo estudo afim de auxiliar os amigos na prática do Evangelho no lar!
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