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Página de preparo:
Cap
39 – Fé inoperante (Livro “Fonte viva”, de Emmanuel, psicografado por Chico
Xavier)
Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si
mesma. - (Tiago,2:17)
A fé
inoperante é problema credor da melhor atenção, em todos os tempos, a fim de
que os discípulos do Evangelho compreendam, com clareza, que o ideal mais
nobre, sem trabalho que o materialize, a benefício de todos, será sempre uma
soberba paisagem improdutiva.
Que
diremos de um motor precioso do qual ninguém se utiliza? de uma fonte que não
se movimente para fertilizar o campo? de uma luz que não se irradie?
Confiaremos
com segurança em determinada semente, todavia, se não a plantamos, em que
redundará nossa expectativa, senão em simples inutilidade? Sustentaremos
absoluta esperança nas obras que a tora de madeira nos fornecerá, mas se não
nos dispomos a usar o serrote e a plaina, certo a matéria-prima repousará,
indefinidamente, a caminho da desintegração.
A crença
religiosa é o meio.
O
apostolado é o fim.
A celeste
confiança ilumina a inteligência para que a ação benéfica se estenda,
improvisando, por toda parte, bênçãos de paz e alegria, engrandecimento e
sublimação (purificação, aperfeiçoamento).
Quem puder
receber uma gota de revelação espiritual, no imo (íntimo)
do ser, demonstrando o amadurecimento preciso para a vida superior, procure, de
imediato, o posto de serviço que lhe compete, em favor do progresso comum.
A fé, na
essência, é aquele embrião de mostarda do ensinamento de Jesus que, em pleno
crescimento, através da elevação pelo trabalho incessante, se converte no Reino
Divino, onde a alma do crente passa a viver.
Guardar,
pois, o êxtase religioso no coração! sem qualquer atividade nas obras de
desenvolvimento da sabedoria e do amor, consubstanciados (focados) no serviço da caridade e da educação, será
conservar na terra viva do sentimento um ídolo morto, sepultado entre as flores
inúteis das promessas brilhantes.
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Capítulo 18 (Muitos os chamados, poucos os escolhidos) , itens 1 e 2 (Parábola do festim de bodas)
Parábola do festim de bodas
1. Falando ainda
por parábolas, disse-lhes Jesus: O reino dos céus se assemelha a um rei que,
querendo festejar as bodas de seu filho, - despachou seus servos a chamar para
as bodas os que tinham sido convidados; estes, porém, recusaram ir. - O rei
despachou outros servos com ordem de dizer da sua parte aos convidados:
Preparei o meu jantar; mandei matar os meus bois e todos os meus cevados (prontos para o abate); tudo está pronto; vinde às
bodas. - Eles, porém, sem se incomodarem com isso, lá se foram, um para a sua
casa de campo, outro para o seu negócio. - Os outros pegaram dos servos e os
mataram, depois de lhes haverem feito muitos ultrajes (ofensas).
- Sabendo disso, o rei se tomou de cólera (dor,
tristeza) e, mandando contra eles seus exércitos, exterminou os
assassinos e lhes queimou a cidade.
Então, disse a
seus servos: O festim das bodas está inteiramente preparado; mas, os que para
ele foram chamados não eram dignos dele. Ide, pois, às encruzilhadas e chamai
para as bodas todos quantos encontrardes. - Os servos então saíram pelas ruas e
trouxeram todos os que iam encontrando, bons e maus; a sala das bodas se encheu
de pessoas que se puseram à mesa.
Entrou, em
seguida, o rei para ver os que estavam à mesa, e, dando com um homem que não
vestia a túnica nupcial, - disse-lhe: Meu amigo, como entraste aqui sem a
túnica nupcial? O homem guardou silêncio. - Então, disse o rei à sua gente:
Atai-lhe as mãos e os pés e lançai-o nas trevas exteriores: aí é que haverá
prantos e ranger de dentes; - porquanto, muitos há chamados, mas poucos
escolhidos. (S. MATEUS, cap. XXII, vv. 1 a 14.)
2. O incrédulo sorri
a esta parábola, que lhe parece de pueril ingenuidade, por não compreender que
se possa opor tanta dificuldade para assistir a um festim e, ainda menos, que
convidados levem a resistência a ponto de massacrarem os enviados do dono da
casa. "As parábolas", diz ele, o incrédulo, "são, sem dúvida,
imagens; mas, ainda assim, mister (fundamental)
se torna que não ultrapassem os limites do verossímil (que
se possa acreditar, confiável)".
Outro tanto pode ser
dito de todas as alegorias, das mais engenhosas fábulas, se não lhes forem
tirados os respectivos envoltórios, para ser achado o sentido oculto. Jesus
compunha as suas com os hábitos mais vulgares da vida e as adaptava aos
costumes e ao caráter do povo a quem falava. A maioria delas tinha por objeto
fazer penetrar nas massas populares a idéia da vida espiritual, parecendo
muitas ininteligíveis (sem sentido, incompreensíveis),
quanto ao sentido, apenas por não se colocarem neste ponto de vista os que as
interpretam.
Na de que tratamos,
Jesus compara o reino dos Céus, onde tudo e alegria e ventura, a um festim.
Falando dos primeiros convidados, alude (se refere)
aos hebreus, que foram os primeiros chamados por Deus ao conhecimento da sua Lei.
Os enviados do rei são os profetas que os vinham exortar (incentivar, motivar) a seguir a trilha da verdadeira
felicidade; suas palavras, porém, quase não eram escutadas; suas advertências
eram desprezadas; muitos foram mesmo massacrados, como os servos da parábola.
Os convidados que se escusam (recusam),
pretextando terem de ir cuidar de seus campos e de seus negócios, simbolizam as
pessoas mundanas que, absorvidas pelas coisas terrenas, se conservam
indiferentes às coisas celestes.
Era crença comum aos
judeus de então que a nação deles tinha de alcançar supremacia sobre todas as
outras. Deus, com efeito, não prometera a Abraão que a sua posteridade cobriria
toda a Terra? Mas, como sempre, atendo-se à forma, sem atentarem ao fundo, eles
acreditavam tratar-se de uma dominação efetiva e material.
Antes da vinda do
Cristo, com exceção dos hebreus, todos os povos eram idólatras (de idolatrar, adorar) e politeístas (que tem vários deuses). Se alguns homens superiores
ao vulgo (comum, popular) conceberam a idéia da
unidade de Deus, essa idéia permaneceu no estado de sistema pessoal, em parte
nenhuma foi aceita como verdade fundamental, a não ser por alguns iniciados que
ocultavam seus conhecimentos sob um véu de mistério, impenetrável para as
massas populares. Os hebreus foram os primeiros a praticar publicamente o
monoteísmo; é a eles que Deus transmite a sua lei, primeiramente por via de
Moisés, depois por intermédio de Jesus. Foi daquele pequenino foco que partiu a
luz destinada a espargir-se (se espalhar) pelo
mundo inteiro, a triunfar do paganismo (aqueles fiéis
as antigas crenças, não aceitando o cristianismo) e a dar a Abraão uma
posteridade espiritual "tão numerosa quanto as estrelas do firmamento.
Entretanto, abandonando de todo a idolatria, os judeus desprezaram a lei moral,
para se aferrarem ao mais fácil: a prática do culto exterior. O mal chegara ao
cúmulo; a nação, além de escravizada, era esfacelada pelas facções e dividida
pelas seitas; a incredulidade atingira mesmo o santuário. Foi então que apareceu
Jesus, enviado para os chamar à observância da Lei e para lhes rasgar os
horizontes novos da vida futura. Dos primeiros a ser convidados para o grande
banquete da fé universal, eles repeliram a palavra do Messias celeste e o
imolaram (cortaram, mataram). Perderam assim o
fruto que teriam colhido da iniciativa que lhes coubera.
Fora, contudo,
injusto acusar-se o povo inteiro de tal estado de coisas. A responsabilidade
tocava principalmente aos fariseus e saduceus, que sacrificaram a nação por
efeito do orgulho e do fanatismo de uns e pela incredulidade dos outros. São,
pois, eles, sobretudo, que Jesus identifica nos convidados que recusam
comparecer ao festim das bodas. Depois, acrescenta: "Vendo isso. o Senhor
mandou convidar a todos os que fossem encontrados nas encruzilhadas, bons e
maus." Queria dizer desse modo que a palavra ia ser pregada a todos os
outros povos, pagãos e idólatras, e estes, acolhendo-a, seriam admitidos ao
festim, em lugar dos primeiros convidados.
Mas não basta a
ninguém ser convidado; não basta dizer-se cristão, nem sentar-se à mesa para
tomar parte no banquete celestial. É preciso, antes de tudo e sob condição
expressa, estar revestido da túnica nupcial, isto é, ter puro o coração e
cumprir a lei segundo o espírito. Ora, a lei toda se contém nestas palavras: Fora
da caridade não há salvação. Entre todos, porém, que ouvem a palavra
divina, quão poucos são os que a guardam e a aplicam proveitosamente! Quão
poucos se tornam dignos de entrar no reino dos céus! Eis por que disse Jesus: Chamados
haverá muitos; poucos, no entanto, serão os escolhidos.
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