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Página de preparo:
Cap
164 - Não pertubeis (Livro “Caminho verdade e vida”, de Emmanuel, psicografado
por Chico Xavier)
“Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.” - Jesus
(Mateus, 19:6)
A palavra
divina não se refere apenas aos casos do coração. Os laços afetivos caracterizam-se
por alicerces (base, fundamentos) sagrados e os
compromissos conjugais ou domésticos sempre atendem a superiores desígnios (intenções). O homem não ludibriará (enganará) os impositivos da lei, abusando de
facilidades materiais para lisonjear (agradar,
enaltecer, orgulhar-se) os sentidos. Quebrando a ordem que lhe rege os
caminhos, desorganizará a própria existência. Os princípios equilibrantes da
vida surgirão sempre, corrigindo e restaurando...
A
advertência de Jesus, porém, apresenta para nós significação mais vasta (amplo, maior).
“Não
separeis o que Deus ajuntou” corresponde também ao “não perturbeis o que Deus
harmonizou”.
Ninguém
alegue (mencione, justifique) desconhecimento do
propósito divino, O dever, por mais duro, constitui sempre a Vontade do Senhor.
E a consciência, sentinela vigilante do Eterno, a menos que esteja o homem
dormindo no nível do bruto, permanece apta a discernir o que constitui
“obrigação” e o que representa “fuga”.
O Pai
criou seres e reuniu-os. Criou igualmente situações e coisas, ajustando-as para
o bem comum.
Quem
desarmoniza as obras divinas, prepare-se para a recomposição.
Quem lesa
o Pai, algema o próprio “eu” aos resultados de sua ação infeliz e, por vezes,
gasta séculos, desatando grilhões (correntes fortes, de
metal)...
Na
atualidade terrestre, esmagadora percentagem dos homens constitui-se de milhões
em serviço reparador, depois de haverem separado o que Deus ajuntou,
perturbando, com o mal, o que a Providência estabelecera para o bem.
Prestigiemos
as organizações do Justo Juiz que a noção do dever identifica para nós em todos
os quadros do mundo. Ás vezes, é possível perturbar-lhe as obras com sorrisos,
mas seremos invariavelmente forçados a repará-las com suor e lágrimas.
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Capítulo 22 (Não separeis o que Deus juntou) , itens 1 ao 4 (Indissolubilidade do casamento)
Indissolubilidade do casamento (que não de pode desfazer)
1. Também os
fariseus vieram ter com ele para o tentarem e lhe disseram: Será permitido a um
homem despedir sua mulher, por qualquer motivo? Ele respondeu: Não lestes que
aquele que criou o homem desde o princípio os criou macho e fêmea e disse: -Por
esta razão, o homem deixará seu pai e sua mãe e se ligará à sua mulher e não
farão os dois senão uma só carne? - Assim, já não serão duas, mas uma só carne.
Não separe, pois, o homem o que Deus juntou.
Fariseus: Membro de um grupo de judeus que obedecia a leis
religiosas rígidas. Os fariseus viveram na Judéia, Palestina, no tempo de
Jesus. Não mantinham relações com os não-crentes ou com os judeus estranhos ao
seu próprio grupo. Os fariseus consideravam-se mais justos e santos do que os
outros em geral.
Mas, por que
então, retrucaram eles, ordenava Moisés que o marido desse à sua mulher um
escrito de separação e a despedisse? - Jesus respondeu: Foi por causa da dureza
do vosso coração que Moisés permitiu despedísseis vossas mulheres; mas, no
começo, não foi assim. - Por isso eu vos declaro que aquele que despede sua
mulher, a não ser em caso de adultério, e desposa (promete
em casamento) outra, comete adultério; e que aquele que desposa a mulher
que outro despediu também comete adultério. (S. MATEUS, cap. XIX, vv. 3
a 9.)
2. Imutável só há o
que vem de Deus. Tudo o que é obra dos homens está sujeito a mudança. As leis
da Natureza são as mesmas em todos os tempos e em todos os países. As leis
humanas mudam segundo os tempos, os lugares e o progresso da inteligência. No
casamento, o que é de ordem divina é a união dos sexos, para que se opere a
substituição dos seres que morrem; mas, as condições que regulam essa união são
de tal modo humanas, que não há, no mundo inteiro, nem mesmo na cristandade,
dois países onde elas sejam absolutamente idênticas, e nenhum onde não hajam,
com o tempo, sofrido mudanças. Daí resulta que, em face da lei civil, o que é
legítimo num país e em dada época, é adultério noutro país e noutra época, isso
pela razão de que a lei civil tem por fim regular os interesses das famílias,
interesses que variam segundo os costumes e as necessidades locais. Assim é,
por exemplo, que, em certos países, o casamento religioso é o único legítimo; noutros
é necessário, além desse, o casamento civil; noutros, finalmente, este último
casamento basta.
3. Mas, na união dos
sexos, a par da lei divina material, comum a todos os seres vivos, há outra lei
divina, imutável como todas as leis de Deus, exclusivamente moral: a lei de
amor. Quis Deus que os seres se unissem não só pelos laços da carne, mas também
pelos da alma, a fim de que a afeição mútua dos esposos se lhes transmitisse
aos filhos e que fossem dois, e não um somente, a amá-los, a cuidar deles e a
fazê-los progredir. Nas condições ordinárias do casamento, a lei de amor é tida
em consideração? De modo nenhum. Não se leva em conta a afeição de dois seres
que, por sentimentos recíprocos (de igual valor para
ambos), se atraem um para o outro, visto que, as mais das vezes, essa
afeição é rompida. O de que se cogita, não é da satisfação do coração e sim da
do orgulho, da vaidade, da cupidez (cobiça, ambição),
numa palavra: de todos os interesses materiais. Quando tudo vai pelo melhor
consoante esses interesses, diz-se que o casamento é de conveniência e, quando
as bolsas estão bem aquinhoadas (divididas,
compartilhadas), diz-se que os esposos igualmente o são e muito felizes
hão de ser.
Nem a lei civil,
porém, nem os compromissos que ela faz se contraiam podem suprir a lei do amor,
se esta não preside à união, resultando, freqüentemente, separarem-se por si
mesmos os que à força se uniram; torna-se um perjúrio (juramento falso), se pronunciado como fórmula banal,
o juramento feito ao pé do altar. Daí as uniões infelizes, que acabam
tornando-se criminosas, dupla desgraça que se evitaria se, ao estabelecerem-se
as condições do matrimônio, se não abstraísse (omitisse)
da única que o sanciona (confirma) aos olhos de
Deus: a lei de amor. Ao dizer Deus: "Não sereis senão uma só carne",
e quando Jesus disse: "Não separeis o que Deus uniu", essas palavras
se devem entender com referência à união segundo a lei imutável de Deus e não
segundo a lei mutável dos homens.
4. Será então
supérflua a lei civil e dever-se-á volver aos casamentos segundo a Natureza?
Não, decerto. A lei civil tem por fim regular as relações sociais e os
interesses das famílias, de acordo com as exigências da civilização; por isso,
é útil, necessária, mas variável. Deve ser previdente, porque o homem
civilizado não pode viver como selvagem; nada, entretanto, nada absolutamente
se opõe a que ela seja um corolário (consequência)
da lei de Deus. Os obstáculos ao cumprimento da lei divina promanam (originam, causam) dos prejuízos e não da lei civil. Esses
prejuízos, se bem ainda vivazes (difíceis de destruir),
já perderam muito do seu predomínio no seio dos povos esclarecidos;
desaparecerão com o progresso moral que, por fim, abrirá os olhos aos homens
para os males sem conto, as faltas, mesmo os crimes que decorrem das uniões
contraídas com vistas unicamente nos interesses materiais. Um dia
perguntar-se-á o que é mais humano, mais caridoso, mais moral: se encadear um
ao outro dois seres que não podem viver juntos, se restituir-lhes a liberdade;
se a perspectiva de uma cadeia indissolúvel não aumenta o número de uniões
irregulares.
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